segunda-feira, 31 de maio de 2010

Eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada


Alguns blogueiros mafiosos, políticos, gente da repartição, familiares, povo da portaria e apresentadores de telejornal. Esse grupo resume a frase-título do post "eu presto atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada", referência a música TODA FORMA DE PODER do Engenheiros do Hawaii, banda que não faz parte da minha lista de preferências.
É o link do link, do link, do link, um efeito dominó da multiciplidade da desinformação, ficou meio caetanês esse pensamento? Pois é! É assim que vejo muitos blogs hoje, pretensos folhetins eletrônicos informativos. E o da blogosfera maternal é um dos piores. Eu blogo no sentido de diário, assim como era no princípio, até passou pela cabeça transformá-lo numa arma letal de dados, mas prefiro contar historinhas. Assim, o Jornalismo não assassina definitivamente meu sopro literário.
Políticos, casta redundante sobre o porquê eles não dizem nada. Gente da repartição e da família sabe fofocar da vida alheia, e é por isso que quando saio da roda, vou de marcha-a-ré. Porteiros e moscas de portaria de prédio, existem para falar do tamanho da bunda da ruiva do 309; da sexualidade suspeita do senhor do 411 e questionar os motivos de você não ter saído no último fim de semana. E, apresentadores de telejornal, servem para a gente ter inveja do salário deles, leitores dramáticos de telepromter.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Desabafo para não morrer do coração


Dói e muito. Acho que só com terapia passa ou ameniza. Sei que ainda estou na fase luto bruto, de lidar com datas, finais de semana e processar a perda materna. Mas não é nada fácil. Nem minha pretensa fé, nem as inúmeras tentativas de dar a volta por cima e muito menos fazer comparativos disformes do que eu passo em relação ao outro. Nada disso conforta. Ontem, de repente, depois de um dia aprazível, com a filha e marido dormindo, afazares domésticos em dia, meu relax, foi como se tivesse acordado de um estado letárgico e me deparasse com a notícia da morte de minha mãe. Voltou tudo, como se o fato tivesse acabado de acontecer.
O choro infantil, a contração no peito, o desespero. Sentada na velha banqueta no canto da cozinha, joguei meu corpo e alma, banidos naquele instante de qualquer vontade de viver.
Não me reconheci. Mas não era eu mesma. Eu sempre tive minha mãe perto. Mesmo morando longe por uma temporada, eu e Rosa sempre fomos ligadas. Cúmplices. Como filha mais velha fui cobaia de muita fase, mas aprendemos juntas. Nos desentendemos algumas vezes e era foda, porque tínhamos o mesmo método: o silêncio macabro, o desconhecimento da existência alheia, ignorar. Ela porém, tinha um agravante, guardava a mágoa. Eu sou mais vira-lata, é só dar um afago que abano o rabo e esqueço o latido anterior.
Olho as fotos antigas e ela estava presente e vejo as fotos recentes sem ela estar vivendo o agora, é tão irreal, absurdamente incompreensível, perco o chão, a cabeça e a vontade. Perder a condição de filha da mãe para uma mulher, nos fragiliza ao cubo. Sou filha ainda, do pai, que mora longe, ois temporários...enfim.
E em dias assim, o dia é apenas uma sucessão de horas angustiantes, onde vivo de forma robótica, destilo minha tristeza, aparento o desleixo feminino, não por luto ou por uma vulgar vitimização, mas porque simplesmente não consigo disfarçar. Pronto, desabafei antes de ter uma síncope.

***Obra de René Magritte, 1948

quarta-feira, 19 de maio de 2010

EM BUSCA DO ELO PERDIDO


Adoro meu apê da Tibagi, mas não sinto que vou morar mais lá. Gosto de ser assessora de imprensa do Poder Público, mas de lá não vejo perspectivas. Tenho uma rotina agradável em Curitiba, mas o custo de vida, os lugares e o frio não me permitem mais manter o amor pela cidade. E, finalmente, meu círculo de amigos e família são ótimos, mas cada um tem sua vida.
Tenho pensando muito e dar uma novo rumo ao ronise way of life. Talvez na profissão, em desbravar novas terras, novos cheiros. Aproveitar a infância da minha filha e viver no interior, não na roça e nem em comunidade alternativa, mas sem o estresse urbano, que faz tão bem, mas me consome desnecessariamente. Preciso de um plano antes do sonho. De ânimo, de uma prece, antes que o tempo se acabe e tudo termine em lamento!

domingo, 16 de maio de 2010

Cai no buraco - Memórias alcóolicas


Já tratei em outro post sobre uma "obra" inacabada, na verdade destruída, chamada Memórias Alcóolicas, escritas na minha fase Bukowski, quando estudante de Jornalismo.
Neste fim de semana, depois de quase três anos de moderação de vida bandida, rata de boteco, bebi como nos velhos tempos. A diferença foi sem cigarros (uhu!) e os ambientes muito mais selecionados, porém, foi horrível relembrar a velha ressaca!
E com a bebedeira, retornaram lembranças da velha garota bukowskiana de Gross Point, Tenesse. Um raro sábado naquela cidade fui beber com Ciro, uma figura magricela, de passado glorioso como desenhista na Paulicéia. Fomos no vagão, um bar distante cem metros da minha kitinete. Éramos amigos recentes e resolvemos beber vinho. Muito vinho. Vinho tinto para aquecer a noite fria nos Campos Gerais. Chegou a hora da mágoa, de falar dos amores perdidos, da canalhice dos homens e das promessas que nunca mais seríamos vítimas deles.
Ciro ficava uma minhoca quando bêbado, deslizava. Pagamos a conta e decidimos ir embora. Três passos e ele simplesmente se estatelou no chão. POW! uma batida surda e algomerado para ajudar. Eu só conseguia assitir e chamei o dono do bar, que nutria por mim um amor platônico, ele levantou meu amigo, com sangue na boca e disse "pode ir que eu cuido dele". Ciro ria, ria e se acabava e me acenou semi-morto. Fui, com botas de salto venci três degraus e cheguei a calçada. Um buraco e um cartaz CUIDADO! OBRAS! Eu vi. Eu li. E eu cai. Cai no buraco. Uns três rapazes foram me socorrer. "Não preciso de ajuda!" esbravejei. Levantei, tirei a lama da calça e adivinhem? Cai no buraco de novo. Ninguém se atrevia a rir da bêbada brava, mas os rapazes foram lá e me tiraram educadamente, me levaram até a porta de casa. Nem lembro se agradeci. Só lembro ter acordado umas 12 horas mais tarde, com as botas e calças cheias de lama, os dentes roxos do vinho e uma dor de cabeça inenarrável. Ciro? Soube que continuou a noitada em outro bar, e em companhia que ele adorou!!!

domingo, 9 de maio de 2010

As mentiras que as mães contam


Antes de me tornar mãe, sempre achei esses seres altamente chantagistas, autoras das frases de efeito mais almanaque Sadol impossível, exageradas, que sempre fazem o melhor feijão do mundo, etc, etc, etc. Conclusão parcial: quase tudo é a absoluta verdade, porém, há umas mentirinhas que mães contam...vamos a elas:
CULPA MATERNA - parece lei, uma heresia não ter a culpa materna. Isso é para a mãe sentir culpa de não sentir culpa. Mãe gosta mais de colocar a culpa do que carregá-la;
FILHO PERFEITO - ela sabe que seu filho não dorme direito, não come direito, não larga chupeta, mamadeira, fraldas ou a namorada, mas para as conversas em família, seu filho já está alfabetizado com menos de 2 anos, foi quem fez a apresentação da escolinha sem erros e que nunca sentiu vergonha dela;
SOU EU QUEM MANDO - tá? até pode ser, pelos berros, por mandar no cantinho do castigo, ameaçar não dar a bicicleta prometida, mas é só ver o beicinho ou mais de 15 minutos de desdém, que as mães se derretem e ainda mentem dizendo que o pai é que dá mole;
SÓ COME A MINHA COMIDA - mentira deslavada! Tudo o que não come em casa, come na casa da vó, da tia e na escola e ainda pede bis!
DORME SEMPRE SEM RECLAMAR - também, sob ameaça de cortar mesada, acessos a internet e danoninho, até eu!
NÃO VIVE SEM MIM- vivem sim, mas dói! E muito!
Deve ter mais um 100 itens nessa lista, mas também não preciso revelar tudo, afinal, sou uma mãe que penso tudo que escrevi. Observação, isso é um post com minhas impressões, de um blog que leva o meu nome, então, sem polêmicas desnecessária, ok?

quinta-feira, 6 de maio de 2010

A moça do supermercado


Na semana passada, no cronometrado tempo que tinha para fazer compras no mercado, pois em seguida buscaria minha filha na escolinha, enfrentar trânsito e tentar me encontrar com as amigas do twitter, fiz uma história com base nas compras de mercado de uma moça que estava na minha frente.
Ela usava esses terninos femininos, que eu abomino, e me levou a suspeitar que a moça deveria ser advogada. Moça, porque se tinha 30 anos era muito. Mas deve morar sozinha, isso, pelas compras que fazia. Tudo light e ela era esbelta, porém com cabelos lisos e pretos simples e unhas sem pintar.
Caixinha com barras de cereais (light); farináceos (light), pães e bolinho (light); margarinha e requeijão (light), produtos de limpeza versão pequena e uma transgressão: Coca-Cola NORMAL! Mais uma constatação: ela era daquelas pessoas tradicionais. Não abria mão do verdadeiro sabor da bebida. Sem as versões light, zero e o escambau. Era coca e pronto!
Certinha. Sim, era do tipo certinha. Quando abriu a carteira, de marca famosa, mas provavelmente pirata de 1ª linha, todos os cartões estavam alinhados. Cédulas da maior para menor, documentos (todos), extratos bancários dobradinhos no mesmo tamanho e pela primeira vez, vi alguém dizer que tinha o cartão Bom Clube, que acumula pontos. Nossa! talvez seja por isso que não encontrou alguém ainda!
As compras foram colocadas no carrinho em fileirinhas, a chave do carro na mão, com pinduricalhos mil e lá se foi a moça...
Depois de colocar na esteira do caixa as maçãs, bananas, batatas, iogurte, pães, caixinhas de leite e dois bombons, latas de cerveja e sucos, já tirei o dinheiro e fiquei imaginando se o próximo da fila estava fazendo o meu perfil. Garanto que sozinha, a pessoa deduziu que certamente eu não era.