quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A homenagem na visão de uma criança

Hoje minha mãe faria 79 anos. Sabendo disso, minha filha, que só conviveu com ela até os dois anos de idade, sugeriu que comemorássemos essa data. Assim foi feito.
Comprei um bolinho, desses que chamam de cupcake, uma vela com o número 7 e outra com o número 9. Fomos correndo ao cemitério. Em 15 minutos iria fechar.
Achamos o túmulo, colocamos o bolinho num altarzinho, acendemos a vela e cantamos parabéns, com direito a palmas Êê! Olhamos uma para outra e mandamos 79 beijinhos.
A homenagem teve gosto de aventura. No carro a filha pergunta: será que a vó vai gostar do bolinho?
Respondi: acho que sim. Hoje a noite quando a gente ver uma estrela piscar, vai ser ela aprovando a festinha.

E tudo isso aconteceu a partir da cabeça de uma criança de 6 anos, que vê a morte de uma forma iluminada. Jamais vou esquecer!

Sobre minha mãe

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Hoje faço 18 anos

Foi em 1995. Fim de uma manhã. Fim de um ciclo. Pensei que nunca escreveria sobre isso, mas hoje, de alguma forma, faço 18 anos. Isso porque quase morri, mas optei por viver, de um grave acidente automobilístico, ocorrido próximo ao terminal do Boqueirão. Estava em fase teste na Tribuna, mas naquele dia, tudo estava próximo ao fim.
Eu tive um anjo chamado Carlos, que não deixou eu desmaiar e provavelmente entrar em coma enquanto o Siate chegava, eu tive anjos, os socorristas do Siate, que graças aos primeiros-socorros impediram sequelas mais graves; eu tive muita gente que conhecia e que nunca vi na vida orando por mim, pela minha vida ou então, por uma boa morte, se isso fosse o mais conveniente.

Antes do acidente, eu vivi uma das piores fases da vida. Atlético perdeu de 5 a 1 para o Coxa no dia do meu aniversário; levei uma mega fora do cara que namorava (e era apaixonada) e por fim, havia sido demitida sem justa causa do emprego anterior. Vivia uma letargia; uma depressão sem dor, uma vida sem graça alguma.

Veio o acidente e mexeu com tudo e todos. Eu vi a tal luz. E disse antes da anestesia geral que poderia ter sido irreversível "só não me dê penicilina, porque sou alérgica", nesse momento eu fui para a tal luz e lá encontrei um vizinho que tinha morrido na exata hora do meu acidente (mas eu não sabia que ele tinha morrido). Ele estava bem, pegou na minha mão, sorriu e me soltou. Como sempre conto, eu digitei a senha 3 vezes e foi bloqueada. Tive que voltar.

Faz 18 anos hoje. E hoje tive a coragem de contar sem dor. Muita gente sabe como fiquei, que levei mais de 100 pontos no rosto, que ouvi de um médico que "nunca mais seria a mesma" - e digo doutor, nunca mais fui a mesma mesmo. Só quem sobrevive a um trauma, deixa de dar importância a mesquinharia, se recusa a ser infeliz e principalmente AMA A VIDA!

fUUUUU! apaguei as velinhas!